quinta-feira, 8 de abril de 2010

Relacionamentos em tempos de individualismo


A arte, o cinema e seriados muitas vezes repercutem a vida real. Sendo assim, este artigo tem como foco avaliar a superficialidade das relações humanas a partir da personagem de Dr. Gregory House, interpretado pelo ator inglês, Hugh Laurie e contrapor essa superficialidade à luz da palavra de Deus.

House, é uma aclamada série médica norte-americana, criada por David Shore e exibida originalmente nos Estados Unidos pela Fox.

Ele se destaca não só pela capacidade de elaborar excelentes diagnósticos diferenciais, como também pelo seu mau humor, ceticismo e pelo seu comportamento anti-social, já que ele considera completamente desnecessário interagir com outras pessoas.

House é o tipo de personagem que acende em nossos dias essa desvalorização das relações humanas. Em um mundo cada vez mais individualista, as relações ficam cada vez mais secundárias. Como bem observou Giovanetti (apud: Cátia Cilene Lima Rodrigues):
“A perda do sentido aparece no momento em que começamos a perder contato com a vida, no momento em que o contato com os outros seres humanos deixa de ser primordial, e passa a ocupar um lugar secundário na nossa existência.”

Quando olhamos para o quadro descrito em Gênesis 1e 2 observamos a perfeita harmonia entre as vidas. Entretanto, quando chegamos em Gênesis 3 compreendemos o porquê desde embotamento relacional. Vejamos o que diz Gn 3:12 “Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi.”.

Enquanto andava junto com Deus, o seu criador, o ser humano vivia uma relação saudável, porém, uma decisão fatídica quebrou a relação, tornando o ser humano um ser harmônico em desarmônico. Dr. House representa este ser que esta longe de Deus e por isso não compreende o valor das relações, da convivência e do respeito. Para ele não há sentido nas coisas, esse pensamento é típico da sociedade contemporânea.

Quantas pessoas são excelentes profissionais a semelhança do Dr. House, no entanto, amargam em suas vidas vazios indeléveis. São excelentes no que fazem, mas são péssimos em relacionamentos. Muitas vezes por serem bons naquilo que fazem desdenham dos relacionamentos que é uma das bases para uma convivência saudável.

No livro Modernidade Líquida, o sociólogo Polonês Zygmunt Bauman, coloca indicadores de transformações sociais pelos quais passa a sociedade contemporânea em todas as esferas.

Ele chama a nossa atenção para o fato de passarmos de um estado sólido (no trabalho, nas relações humanas, na família) para um estado cada vez mais acelerado de liquefação. Com essa metáfora ele quer dizer que estamos deixando o que é sólido, durável, concreto e estável para a amorfabilidade do líquido, ou seja, sem forma.

Dr. House é o tipo de personagem que vive neste estado de amorfabilidade. Ele se apega ao seu emprego para tentar esconder as suas frustrações, ora com os colegas de trabalho, ora com sua família fruto da sua vida ensimesmada.

O Dr. Gregory House é como um “espelho” onde em seu rosto se encontra cada um de nós com a nossa individualidade mesquinha, com o nosso narcisismo e hedonismo. Isso denota a urgência de ressignificar as nossas vidas e o vazio que nela existe.

O caminho que a raça humana deve seguir encontra-se de maneira clara na pessoa de Jesus Cristo, o filho de Deus. Olhar para Jesus implica inquestionavelmente em aprendermos o verdadeiro valor das palavras – convivência, respeito, comunhão, confraternização e tolerância, virtudes imprescindíveis para todos os seres humanos que moram juntos na mesma casa comum, chamada – Planeta Terra.

Compreender essas virtudes e aplicá-las em nossas vidas é consolidar aquilo que foi ensinado pelo mestre Jesus, a saber: O ser humano não é um ser independente, pelo contrário, somos todos interdependentes e dependemos uns dos outros.

Olhar para Jesus e tornar concreto os seus ensinos levará a humanidade ao mais alto padrão e dignificará o que chamamos de – ser humano.

Pr. Fernando Gonçalves Dias