quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Esperança em tempos de injustiça


O presente artigo tem como objetivo avaliar a injustiça sob a perspectiva de Deus atuando na história. Creio que existem pessoas que contribuem para que a injustiça seja amenizada, porém, não é o objetivo deste artigo avaliar isso. O foco é a esperança oriunda da promessa de Deus que se cumprirá no advento de Cristo, onde as dores e as injustiças serão erradicadas.
Diante das injustiças praticadas no Brasil e no mundo, lembro-me das palavras de Rui Barbosa:
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.
As palavras proferidas por Rui Barbosa tornam-se vivas nos dias atuais. Quando olhamos para a realidade brasileira percebemos muitas desigualdades, uns com muitos e outros com quase nada, muitas são as injustiças que rodeiam a nossa linda terra. Distribuição precária de renda, educação cambaleando, saúde precária, corrupção em muitos seguimentos, os que deveriam ser portadores de justiça são muitas vezes os que cometem mais injustiças. A injustiça pode causar pelo menos duas coisas na alma humana – dissipa a esperança e brota o desânimo. E para corroborar com este cenário, O Jornal O Globo (15/12/2010), publicou a seguinte matéria:
Câmara aprova salário de R$ 26,7 mil para parlamentares e presidente.
Tal informação trás tristeza, revolta e também alguns questionamentos, tais como:
(1) Vale a pena ser um cidadão honesto diante de tanta espoliação? (2) Será que um dia as injustiças terão fim? (3) Será que ter esperança em dias melhores em meio a tantas desigualdades não é alimentar uma utopia? (4) Até que ponto as injustiças tem me cauterizado à  ponto de me desumanizar? (5) Há esperança de que um dia a justiça será manifesta?
Como ser humano, posso ter algumas visões acerca da vida. Por exemplo: Posso vê-la pela perspectiva Grega (A história é “cíclica”, isto é, as coisas apenas se repetem), Existencialista ateísta (Para eles a história é sem sentido. Vive-se um niilismo) ou a mesma caminhando para o cumprimento dos propósitos de Deus (A história move-se em direção a um alvo. Ela (história) não é uma série de ciclos repetitivos sem sentido, mas através da história Deus realiza seus propósitos para o homem e o universo).
Quando olho para as páginas da Bíblia, não encontro nela respaldo para a visão grega e existencialista ateísta, contudo, ela reverbera Deus agindo na história e a mesma caminhando para a consumação das suas promessas. Quando se olha para o presente, o que salta os olhos são as injustiças com suas várias facetas, no entanto, quando se crê nas promessas de Deus, o que enche o nosso coração de alegria e gozo são as suas palavras de esperança, tais como: Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça.” 2ª Pedro 3.13 e “Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas.” Apocalipse 21.4
O cerne da promessa de Deus é o seu reinado por completo, no fiel e poderoso cumprimento de suas promessas. Somos peregrinos nesta vida, mesmo a mesma com todas as suas contradições e mazelas. Peregrinamos aguardando a concretização das suas promessas no futuro, ou como disse Jürgen Moltmann: “Reino de Deus significa originariamente reino em promessa, fidelidade e cumprimentos. A vida neste reino significa, portanto, peregrinação histórica (...) frente ao futuro. Trata-se de uma vida que é recebida por promessa e está aberta para a promessa.”
Olho para as injustiças e espoliações muitas vezes consternado e, é exatamente neste momento que devemos cuidar para não sermos cauterizados à ponto de agirmos como agentes de injustiças. Se olharmos para o presente como uma sucessão de fatos que se repetem, iremos sucumbir em meio ao deserto das dores. Se olharmos para o presente como fatos sem sentido, a nossa alma cairá indubitavelmente num vazio existencial, mas se olharmos para o mesmo crendo num futuro de esperança baseado nas promessas de Deus, reluzirá em nossas vidas mananciais que jorrará sentido, significado e propósito a nossa peregrinação e assim poderemos dizer como João:
“Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas.” Apocalipse 21.4

Pr. Fernando G Dias
   



quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Natal: Presente de Deus para você!


O presente artigo visa avaliar o verdadeiro sentido do natal, para nos auxiliar neste intento utilizarei o texto de João 3.16.

Dezembro é um mês que causa muitas alegrias em virtude da proximidade do natal e do findar do ano, esperanças são renovadas, famílias são reconciliadas e como bons brasileiros, na época natalina, não poderia deixar de ter as famosas guloseimas, bebidas e consumos como de praxe. Em meio a esta efervescência, o cerne do natal é substituído ora por comidas, por bebidas e por badalações.

Nesta breve reflexão, algumas perguntas devem emergir, são elas: (1) O que motivou o nascimento de Cristo? (2) O que Ele fez de concreto por mim? (3) O que eu ganho com o seu nascimento? e (4) O que eu tenho que fazer para me apropriar das benesses do seu nascimento? 

Com base em João 3.16,  procuraremos elucidar essas perguntas. Diz o texto: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”

(1) O que motivou o nascimento de Cristo?
O texto citado vai nos instruir que o amor foi a motivação “Porque Deus amou”. Esse amor incomensurável de Deus por nós levou ao nascimento do seu filho, quando olhamos para Jesus e  seus atos, percebemos quão distante está à humanidade de Deus. Somos seres humanos caminhando como desumanos. O que tem imperado em muitas vidas são: egoísmo, individualismo, narcisismo, corrupção com suas facetas, famílias torturadas pelos filhos envolvidos em drogas, pais sem respeito para com os seus filhos. Diferentemente de nós, que muitas vezes, diante das mazelas do próximo já não nos importamos mais, estamos tão familiarizados com as misérias existências que nos tornamos indiferentes. Deus, porém, olha para a humanidade caída em suas dores e vazios enche-se de compaixão, Ele ama e por causa do seu amor, Cristo nasce.

(2) O que Ele fez de concreto por mim?
Quem ama cuida, quer o melhor para aquele que é objeto do amor. Quem ama toma atitudes concretas, ou nas palavras de Erich Fromm:
 “(...) o caráter ativo do amor pode ser descrito afirmando-se que o amor, antes de tudo, consiste em dar, e não em receber. Cuidado e preocupação implica outro aspecto do amor: o da responsabilidade. Hoje em dia, muitas vezes se entende a responsabilidade como denotando dever, algo imposto de fora a alguém. A responsabilidade, porém, em seu verdadeiro sentido, é ato inteiramente voluntário; é a resposta que damos às necessidades, expressas ou não expressas, de outro ser humano.”
Ao ver as necessidades expressas do ser humano,  Deus concretiza o seu amor por nós dando o que Ele tinha de mais valioso, isto é, seu filho “...que deu o seu Filho unigênito...”

(3) O que eu ganho com o seu nascimento?
Quando ganhamos um presente, espera-se que o mesmo atenda as nossas expectativas e necessidades. Fazendo uma analise rápida da sociedade, percebe-se em muitas vidas – desespero, angustia, falta de sentido, carências diversas, no entanto, todos ansiamos por uma vida melhor em todos os aspectos. Muitas pessoas estão buscando preencher essas lacunas existenciais, ora com drogas, ora com bebidas, ora com sucesso, prostituindo-se, mas aprouve a Deus suprir essas lacunas nos amando, tornando real este amor na pessoa de Jesus e nos presenteando com vida aqui e pós morte ...não pereça, mas tenha a vida eterna...”

(4) O que eu tenho que fazer para me apropriar das benesses do seu nascimento? 
Nós seres humanos, muitas vezes damos algo e esperamos retorno, porém, com Deus não é assim, Ele não nos cobra nada, deu o seu filho gratuitamente e com isto, podemos crê ou não, na obra de Cristo pela humanidade. A vida que Deus tem para cada um de nós, vida bem vivida, com sentido, significado e propósito em nossa peregrinação, encontra-se em Jesus Cristo e o que temos que fazer é “...para que todo aquele que nele crê...”. A verdadeira vida, de paz, restauração das mazelas, das feridas da vida é possível para todos os que crêem.

Portanto, Natal significa amor (Deus amou de tal maneira), doação (deu o seu único filho), benefício (vida eterna) e crença (para aqueles que crêem).

                                                                                                                                   Pr. Fernando G Dias

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Tempo de refletir e amadurecer


“A sabedoria começa na reflexão.” - Sócrates

Sem dúvida nenhuma, estamos inseridos no mundo da informação e a cada dia ela está mais rápida e o acesso à mesma torna-se descomplicado, facilitando nossa vida. No entanto, com o advento da informação, fica patente que tê-la é uma coisa e que, refletir sobre a mesma, são outros quinhentos. 

Fazemos parte da geração self-service, isto é, uma geração que gosta de tudo rápido e que, de preferência,  não tenha que gastar tempo com nada. Ou, como disse Os Guinness: “Conclusões cuidadosamente consideradas sobre a vida e como melhor vivê-la são, inúmeras vezes, somente acidentes de percurso.”

No VII Congresso Internacional de Educação o Dr. Augusto Jorge Cury fez a seguinte ponderação: “(...) no mundo atual, apesar de termos multiplicados como nunca na história as informações, não multiplicamos a formação dos homens que pensam.” O corre-corre de nossa vida nos fazem, facilmente, desconsiderarmos um tempo para a leitura cuidadosa e reflexão mais profunda.

Pare e pense! - Quantas pessoas possuem o hábito de leitura? Quantas pessoas argumentam com base no que realmente sabem ou leram? Quantas ficam apenas nos achismos?

Quando não penso e não reflito sobre a informação que recebo, sou muitas vezes conduzido por ela. Os meios de comunicação são formadores de opiniões, ditam comportamento, estabelecem o certo e o errado. Logo, o que foi dito pelo Paulo Francis é uma realidade. Disse ele: "Quem não lê, não pensa, e quem não pensa será para sempre um servo." Muitas são as pessoas que são servas das informações, independente se tais informações estão certas ou não.

Lembro-me de certa feita que uma pessoa indagou o seu amigo sobre algo e prontamente o mesmo respondeu: Faço isso, porque todo mundo faz assim !!.

Reflexão requer esforço mental, tempo e consideração. Refletir dói, pois muitas vezes nos coloca diante da nossa finitude e pequenez. No entanto, diante da leitura cuidadosa e reflexiva, não apenas de informações, mas da nossa própria vida, nunca mais seremos os mesmos. Por quê? Porque começaremos a reciclar as nossas posturas, verdades e paradigmas diante da vida e das informações. Amadureceremos e assim, poderemos dizer como Paulo: “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.”

Concluo este artigo com as palavras do Dr. Augusto Jorge Cury inseridas no livro Inteligência Multifocal. São elas: “Vivemos num mundo onde o pensamento está massificado, o consumo se tornou uma droga coletiva, a paranóia da estética controla o comportamento, as cotações do dólar e das ações nas bolsas de valores ocupam excessivamente o palco de nossa mente. Um mundo onde as pessoas buscam o prazer imediato, têm pouco interesse em pensar sua maneira de ver a vida e reagir ao mundo e principalmente em investigar os mistérios que norteiam a sua capacidade de pensar.”