sábado, 13 de novembro de 2010

Tropa de Elite e a Corrupção Humana – O inimigo continua o mesmo

O presente artigo compreende a arte como interpretação da realidade humana, projetando os terrores, angústias e sonhos que a sociedade carrega em seu desenvolvimento. Assim, o texto que se desenvolve , tem o objetivo de introduzir uma reflexão sobre os valores humanos e os inimigos ocultos que destroem as relações humanas,  a partir da análise do filme Tropa de Elite 2 – O inimigo agora é outro, de José Padilha, comparando-o com a ética preconizada por Jesus. Portanto, algumas perguntas devem nortear as nossas mentes: Quais os possíveis inimigos que estão destruindo as relações em todas as suas dimensões? Quais os inimigos que estão destruindo as relações familiares? Quais os inimigos que estão me destruindo como pessoa e me tornando um ser humano de mente cauterizada?.

Em Tropa de Elite 2, fica evidente a corrupção do sistema abalizado pelo esquema polícia-milícia-política. Porém, podemos observar nele um retrato de nós mesmos, um espelho em que podemos refletir sobre as nossas próprias vidas, da nossa existência e da nossa história enquanto indivíduos, sujeitos e humanos. Existem alguns inimigos que vão além da máquina polícia-milícia-política e que estão adentrando em nossas casas, vidas e relações, nos destruindo e nos bestializando.

Parafraseando o jargão do filme, o “inimigo continua o mesmo”, refere-se à concepções e valores que reproduzimos. São valores e concepções muitas vezes recheados de: inveja, mentira, esperteza, malandragem, orgulho, luxúria, traição, insensatez, egoísmo, insensibilidade para com a necessidade alheia, insensibilidade para a real necessidade do cônjuge e dos filhos. Muitas vezes , aquilo que eu tenho como valor fica de lado na hora que eu “levo” vantagem. A ausência de valor, muitas vezes, fica patente na relação trabalhista na qual colegas de trabalho que passam por cima do outro por conta de uma promoção, fazem intrigas, mentem e “queimam” o colega para se darem bem ou como bem descreveu Danilo Di Manno (apud:Cátia Cilene Lima Rodrigues): “(...) Mesmo que não adote em seu íntimo os valores do sistema, deverá praticá-los, pois é constantemente vigiado: o padrão ético é o da sobrevivência do menos sensível, chamado, ideologicamente, de ‘mais forte’”.

São inimigos desumanizando-nos, tornando-nos pessoas sem valores consistentes, ou como disse o cientista social Gilberto Dumas, em seu livro: Ética e poder na Sociedade da Informação: “A incerteza é a regra; nada está sobre pés firmes e crença sólida: resta a convicção de que toda a fé, todo julgar verdadeiro é necessariamente falso. Não há nada a fazer com a verdade. Também não há nada a fazer com a moral; ela anuncia princípios éticos, mas a ação não se orienta por eles. Afirma-se o niilismo, a fé na absoluta falta de valores e de sentido”. Dumas ressalta a incerteza, a falta de crença sólida e ausência de um referencial capaz de nos proporcionar sentido e significado.

Contudo, parto da premissa de que o ser humano, é aquele que participa efetivamente da construção da sociedade, por isso, a mesma reverberá o que estamos plantando nela e dela colheremos o que estamos semeando. Muitas pessoas ficaram indignadas por conta do sistema corrupto demonstrado no filme, no entanto, muitas dessas não possuem o mesmo sentimento no que tange a mentira descabida, traição para com seu par, com a suposta vantagem que tem mesmo sabendo que não é certo, com a desigualdade vigente, fruto de um sistema que favorece uns e desfavorecem outros. Logo, as palavras proferidas pelo apóstolo Paulo se tornam verdadeiras em nossa sociedade. Diz ele: “Não há um justo, nem um sequer.”

Diante da crise de identidade do ser humano na atualidade, a pós-modernidade nos indica um novo desafio: reavaliar ou re-estabelecer os referenciais e os valores que orientam a prática da vida, visando o equilíbrio pessoal e a harmonia social por um claro motivo, a sobrevivência digna da humanidade. Para tal, necessitamos de um novo paradigma e esse modelo encontra-se na pessoa de Jesus Cristo. Quando olhamos para a mensagem de Jesus, percebemos nela qual é a vontade de Deus. A base da ética dos ensinamentos de Jesus é o senhorio de Deus gerando no ser humano uma nova visão de vida, o que Ele vai chamar de salvação. Por exemplo: Quando Zaqueu (cobrador de impostos, incapaz de sensibilizar-se com a dor e mazela do seu próximo) teve um encontro pessoal e íntimo com Jesus, ele disse: “Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado.” Então disse Jesus: “Hoje veio a salvação a esta casa...”. Lucas 19. 8 e 9.

No entanto, desde o alto escalão até nós, uma sociedade justa, igualitária e sem mazelas, apenas será possível quando inserirmos em nossas vidas os preceitos éticos de Jesus. Na ética estabelecida em nossa sociedade, o ser humano, busca descobrir caminhos concretos a fim de sentir-se vinculado pelos imperativos de sua consciência, ou seja, é uma ética baseada apenas na liberdade humana.

A ética preconizada por Cristo nos afirma que existem Leis, princípios e normas de condutas, sejam sociais, biológicas, psicológicas que nos orientam para determinada direção. No entanto, na ética ensinada e vivenciada por Jesus, o homem é totalmente dependente de Deus. Logo, os ensinos de Cristo são normativos para se viver de maneira justa, honesta e sempre visando o bem comum. Portanto, quando o ser humano rejeita os imperativos éticos de Jesus está buscando uma vida autônoma, longe da tutela do seu criador.

A mensagem de Jesus para o ser humano exige mudanças (salvação), Ele nos ensina a relativização de tudo em função do único absoluto, ou seja, Deus. Isso faz o ser humano olhar a vida com outros olhos. Logo, suas decisões são influenciadas e matizadas por essa nova perspectiva, portanto, a vida ganha conteúdo diferente.

Seguir a Jesus não significa andar preocupado com a perfeição, mas caminhar em suas pegadas, atos de amor e compaixão, fazendo da vida oferenda a Deus e ao próximo.


2 comentários:

Anônimo disse...

Perfeito!
A comparação às palavras de Cristo em relação a Zaqueu me chama atenção, pq hoje o q estamos vendo é extamnete o contrário: O camarada se 'converte', mas o "restituo" e "dou a metade.." se perdeu na sociedade. Para o cidadão é super normal fraudar, roubar o patrão ou qualquer outra coisa do gênero. O inimigo continua sendo o mesmo, enquanto não houver uma mudança profunda na sociedade.
Um Abrço. Robson Dias

Anônimo disse...

Bom dia!!!

Acabei de ler a materia do blog e devo confessar que esta lindo! muito abencoado.
Fui muito edificada gracas a Deus!
Muito obrigada,
Que o filho do unico Deus Altissimo, seja anunciado e amado por todos nos dia a dia, pois para Ele eu vivo e par Ele eu existo.
Um grande abraco,
Ireni